segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Beautiful lie...




Depois de tanto tempo... finalmente consegui ter a coragem de voltar a escrever o que se passa no meu mundo..Faço uma visita guiada até ao meu ser e vejo quadros que desenhei com lápis de carvão, todos sujos... Molduras partidas... Telas pintadas com sentimentos... tinta escorre como lágrimas... tudo está destruído...Como foi que aconteceu, como eu deixei que ficasse assim tudo o que construí com carinho e dedicação?!Como deixei que ficasse num caos, onde reina a escuridão e o horror?!.. a vela ilumina o que resta... apenas uma pequena vela acesa que ficou depois de um vendaval de ódio e raiva, que por aqui passou... Como é que esta pequena vela ainda resiste?!.. Será algo que me quer transmitir?! Sento-me num canto desta sala com os braços caidos, sintos os cacos e fragmentos espalhados pelo meu ser... o chão está molhado, as lágrimas caiem, mas nao as vejo... nao as sinto... o sangue gela-me... está frio e só a pequena vela ilumina o que resta... Nada... Não restou nada... não consigo racicionar correcto... Não esperava que tivesse neste estado... Uma destruição completa... Vejo vultos nas paredes... Vejo marcas dealgo que já foi lindo... que já foi meu... vejo paredes rachadas de solidão... vejo tectos de sensações vividas a abater sobre mim... terei que fugir?! Deixo tudo como está?! Alguém se aproxima de mim...Não consigo ver o seu rosto... Uma sombra que reflecte na pequena vela... a iluminação fica fraca... os passos mais fortes... e aproxima-se mais... tento ver seu rosto... não consigo... Uma voz rouca e fria diz-me: "O que estás a fazer?... sentado nesse canto como uma criança que perdeu o seu brinquedo preferido."Eu baixo a cabeça e não respondo... A voz diz-me: "Sabes quem fez isto?"... eu com o corpo a tremer, com a cara molhada de lágrimas, digo sussurrando... "Nao sei..".. E então o vulto que falava comigo debruçou-se e ficando ao meu nível, colocou-me a sua mão quente por cima do meu ombro... E disse-me: "Foste tu!"..."-Eu?!" respondi... "-Sim tu!"... "-Como?!"...
"-Deixaste de viver... deixaste de acreditar na beleza dos teus sonhos... desistis-te de ti... esqueceste-te de quem és... Destruis-te aos poucos o teu mundo que deixaste de habitar há muito tempo... Deixaste pessoas entrar sem autorização... porque pensaste que elas seriam boas almas para receber... Acreditas nas pessoas que te sorriem... Deixaste de acreditar em ti... Abandonas-te o teu mundo à descoberta de algo diferente e melhor... partiste sem olhar para trás...Deixaste o teu livro preferido em cima da mesa de cabeceira... as lutas desapareceram... Deixaste teus desenhos aprodrecerem com o sentimento que transmitias... Telas, pinturas, paredes... aquela música...Esqueces-te... Fugis-te... Ignoras-te as chamadas... todas as mensagens que te enviaram.. tudo...Simples mortal que se esqueceu quem era... de onde veio... onde pertence... Agora choras?! Agora voltaste...Não me faças rir... Morreste e ninguém te avisou?! Pensavas que estáva tudo igual?! Era?!... Não sejas ridículo... Agora estas ai sentado nesse canto... cabeça baixa... sem forças... Destruído, como o mundo que deixaste... O teu Mundo. Aquela vela?!... Fui eu que acendi... Todos os dias que ela se apagava... Eu acendia...O teu mundo já se esqueceu de quem tu és... Fizeste por isso... o teu mundo deixou de acreditar no seu proprietário... o teu mundo está assim porque Tu transformaste-o assim... Eu continuava sempre a acender...A iluminar o que restava... Sabendo sempre que tu... um dia irias voltar... Agora está nas tuas mãos... Eu vou descansar.... porque estou muito exausto...". Tirando a sua mão de cima de mim, o gelo volta... A solidão entra nas minhas veias até ao mais profundo do meu ser... Levanta-se... Cansado e debilitado... volta-se para mim e diz-me: "-Existem pessoas que nos querem bem... Existem sentimentos que temos que sentir... Outros não sentem... Nós somos assim... Força rapaz... Estás por ti"... Eu levanto-me e com o corpo molhado da água que reside naquela sala... pergunto-lhe: "-Quem és tu?"... A voz rouca já na imensidão da escuridão...a dirigir-se para a porta... diz-me: "-Eu, rapaz?!... Eu sou Tu!"...
Então entendi...